Os estudos culturais surgiram no século XX como uma abordagem interdisciplinar voltada para a análise das formas culturais em relação ao poder, identidade, media e sociedade. Seu marco inicial foi a fundação do Centre for Contemporary Cultural Studies (CCCS) em 1964, na Universidade de Birmingham, por Richard Hoggart. O centro teve como figura central Stuart Hall, que assumiu a direção em 1968 e ajudou a consolidar os Estudos Culturais como um campo académico. Embora Raymond Williams não tenha feito parte diretamente do CCCS, suas obras, como Culture and Society (1958) e The Long Revolution (1961), tiveram grande influência na formação do pensamento do grupo.
Os estudos culturais adotam uma abordagem crítica para investigar como a cultura é produzida, consumida e contestada. Um dos pilares teóricos do campo é o Marxismo Cultural, que analisa a cultura como um espaço de disputa entre diferentes classes sociais. A Escola de Frankfurt, com pensadores como Theodor Adorno, Max Horkheimer e Herbert Marcuse, também influenciou os estudos culturais ao problematizar a indústria cultural e o papel dos media na manutenção da ideologia dominante.
Nos anos 1970 e 1980, o campo passou a dialogar com o Pós-estruturalismo e o Pós-modernismo, incorporando as ideias de Michel Foucault, que investigou as relações entre saber e poder, e Jacques Derrida, que desenvolveu a desconstrução como ferramenta crítica. Essas abordagens ampliaram a análise cultural para além das questões de classe, incluindo debates sobre identidade, discurso e representação.
Em termos metodológicos, os estudos culturais utilizam abordagens diversas. A etnografia, por exemplo, permite compreender práticas culturais a partir da experiência dos próprios sujeitos, enquanto a análise discursiva, influenciada por Foucault, examina como o discurso molda a percepção da realidade. Além disso, os estudos de recepção, influenciados por Stuart Hall, investigam como diferentes públicos interpretam e ressignificam produtos culturais.
Com a globalização e a ascensão da cultura digital, novas metodologias passaram a ser incorporadas, como a análise de redes sociais e a pesquisa em cultura digital, que exploram fenômenos como fandoms, memes e construção de identidade online. Assim, os estudos culturais continuam a evoluir, acompanhando as transformações sociais e tecnológicas para compreender as dinâmicas culturais do mundo contemporâneo.
(1) imagem disponível em: https://snl.no/Raymond_Henry_Williams acesso em 20 de Fev, 2025 – Raymond Henry Williams, década de 1980 – Por Gwydion Madawc Williams/𝒲.